A (des) esperança
O relógio já soou quatro vezes alertando o quanto está tarde, mas o sono ainda cisma em não chegar. Logo o dia vai raiar e meus pensamentos parecem pular em minha mente febril e inquieta. Mais um dia, mais um recomeço, mas as coisas continuam exatamente iguais. As mesmas pessoas egoístas, as mesmas maldades, os mesmos discursos, a mesma hipocrisia e o mesmo perigo iminente. Cidades fantasmas, pessoas isoladas, vidas perdidas, sonhos não realizados, tudo isso reduzido a números frios e divulgados com indiferença por quem deveria lutar por nossos direitos. São apenas números, estatísticas, dizem os senhores de colarinho branco. É fácil opinar olhando de cima, ocupando seu lugar de privilégio de homem, branco e hetero. É muito cômodo falar em números e não em vidas quando se está isolado em suas fortalezas cheias de riquezas e seguranças. Experimenta ser pobre e precisar pegar ônibus lotado as quatro horas da manhã estando exposto a tantos perigos visíveis e tentando se proteger de um mal...