O inverno de julho


O inverno chegou e com ele o frio que congela até o coração mais quente deste universo. As noites de julho e suas temperaturas negativas fazem o meu corpo estremecer. Minha mente, criatura febril e indomável, atormenta minha solidão noturna. Sua lembrança já virou rotina nos meus pensamentos. O dia do seu aniversário passou e pela primeira vez sem ter sua presença terrena. Isso causa um aperto no peito e ele transborda de saudade. É inegável este grito de arrependimento que grita sufocado dentro de meu ser. Arrependimento das palavras não ditas, as ligações não feitas e até mesmo o perdão não dado. Na verdade somos criaturas muito desprezíveis, pois somos egoístas e temos em si uma podridão que se mistura com o lixo desta sociedade. Somos permeados de uma visão puramente terrestre e, erroneamente, esquecemos do verdadeiro sentido da vida e pós vida. Estamos cegos e presos a essa materialidade. Grande erro de um pobre pecador! Neste mundo físico não fui capaz de ser o que você precisava e nem pude te abraçar neste dia tão especial, mas tenha certeza que em pensamento estávamos unidos. Fui no aterrorizante e mórbido cemitério. Olha só como as pessoas se adaptam e mudam suas visões de mundo, pois logo eu que sempre tive de medo de ir nestes locais escuros, calados e tristes, estou fazendo visitas rotineiras. Levei flores para você e conversamos um pouco. Minhas palavras ecoavam na imensidão daquele ambiente de solidão e lembranças, as palavras ficaram sem respostas, mas sim, você estava ali. Um amigo a gente nunca esquece passe o tempo que passar. A dor pode até diminuir, mas é inevitável o aperto no peito quando ouço o seu nome ou lembro de algum lugar, algum momento, alguma música...Naquela festa, senti o seu perfume...Por um instante, apenas um instante me transportei para outra galáxia e senti um misto de alegria e alívio, senti, também, uma vã ilusão de que, talvez, tudo tivesse sido um triste e horripilante pesadelo e que você realmente estivesse ali. Este momento durou apenas alguns instantes, mas a alegria parecia ser eterna... mas retornei para a dolorosa realidade e vi que só era um estranho que levava o seu perfume.


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