O sentido da vírgula
As
noites de insônia não dão trégua e a sensação que tudo está fora do lugar não
me abandona. Meu conflito interno me causa náuseas, assim como essa sociedade
corrupta. Me nego a ver os noticiários, pois o golpe já tomou conta das mídias
fascistas. Logo as ruas serão, novamente, tomadas pela multidão que luta por
dias melhores. As reformas vão parar, o país vai parar... a luta vai continuar.
O
trabalho e os estudos estão esgotando toda a minha energia e a sensação de
impotência continua a dominar o meu ser. Na tentativa de evasão, eu escrevo... Uma
escrita crua e cheia de erradas pontuações. A vírgula segue me causando fascínio...
Talvez ela seja um reflexo da minha vida. Tenho medo do ponto final e por isso
coloco vírgulas em todo lugar, mesmo sem saber usá-las me parece ser mais fácil
do que encerrar algo em definitivo.
A
aula foi cancelada e a festa se estendeu até tarde. A música era boa e o
quentão logo fez efeito na minha mente febril. Não sei quantos foram, mas foram
o bastante para me sentir melhor. Cheiro de cigarro e de marijuana, minha roupa contaminada pela aproximação dos fumantes.
Os agroboys fizeram sucesso com a
mulherada, mas a mim não me importam nada. As meninas eram interessantes.
Alguns olhares e alguns papos produtivos. O xadrez tomou conta da noite,
enganando nosso sexto sentido. Deveria ter ido na festa das pedagogas, ouvi
dizer que estava bem mais “quente” que a AgroZoot.
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